
under my bed this morning!
I love u! ich liebe dich! yo ti voglio bene! te amo! wo ai ni! mo ni fe! te ubesk! kocham ciebie! inaru taka! ayor anosh'ni! Tave myliu! nakupenda! aishiteru! mi amas vin! obicham te! m'bi fe! bahebak! m'tchouan! Je t'aime, mon ange, mon frère!
“Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor...”
(Oswaldo Montenegro)
Mas, como? Como permanecer indiferentes e não nos deixar envolver pelo tom que a sua voz imprime ao texto? Como não fechar os olhos e “rezar” junto? Como não sentir um pouco de solidão, não ficarmos um pouco apaixonados também, um pouco donos de sua voz, quando recita? Como?
“Que o medo da solidão se afaste... Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio... Que a morte de tudo que acredito não me emudeça...”
É como se justificássemos, com nossas metades doces, todas as nossas pequenas e grandes faltas: de fé, de carinho, de coragem... Como se disséssemos para nós mesmos, junto com você, que ainda estamos “inundados de (bons) sentimentos” que justificam nossa existência restrita e enjaulada pelos medos que abrigamos ou pela pequenez de nossos horizontes.
“...porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.” - E a lágrima aí se justifica. Como se disséssemos: “Dói, está sabendo? Dói viver. Dói amar. Dói sentir!”
Eu lamento muito, meu amigo, mas não pude cumprir com o que nos pede, quando diz que 'não escutemos suas palavras como prece, nem as repitamos com fervor', pois, a cada nova audição daquele poema, eu viajo entre minhas muitas metades. E acabo chorando um pouco por dentro, acabo por me permitir amá-lo um pouco, e abraçá-lo, e sentir seu cheiro, numa insistente construção de imagens e sentidos falsos que minha mente desenha pra suprir a lacuna do abraço verdadeiro.
Eu lamento mesmo!
Acho que hoje eu realmente gostaria desse abraço que construí, para poder dizer da pequenina gota de amor que você chorou em mim há tanto tempo, quando o ouvi pela primeira vez recitando 'Metade'... Sabe, naquele dia eu desliguei o rádio e saí correndo pelas ruas da cidade, para chegar exausta à emissora e implorar que me deixassem ouvir de novo, e de novo, e de novo... Nos dias seguintes eu me deliciava com as palavras ecoando em mim, como a tradução de tantos sentimentos, tantas sensações que eu não sabia como definir! Eu levava meu coração umedecido com aquela morna gota de amor que você derramou em mim, mesmo sem saber que o fazia...
Nunca meça o sentimento pelo mercado, meu amigo. Nunca! Eu lhe tenho um amor suave e sem preço, porque vez em quando você canta pra mim, e às vezes recita, e n'outras ri. E o seu riso é lindo! E me faz plena de uma felicidade indefinível... E a sua “outra metade”, quando se descortina, me faz crer que poderei, um dia, realmente abraçá-lo para levar comigo a lembrança do seu cheiro, no lugar das utopias de outrora.
Peço ao Pai que lhe abençoe. Que conserve em seu coração uma inesgotável fonte de amor, pois o amor não envelhece nunca!
Um carinhoso beijo.
Emmy Matias
Dec 20/1999
* Carta para Oswaldo Montenegro.. Pus em suas mãos no dia 16/09/2005, pouco antes do show que aconteceu na Praça dos Martírios, em Maceió. Inesquecível momento de minha vida. Como vc pode constatar, ficou pronto muitos anos antes, mas só tive oportunidade de entregar naquela noite. Que bom que tive... Grandes sonhos morrem conosco, em gavetas empoeiradas. Eu não quis que o mesmo acontecesse com esta carta.
Dois segundos
Dois segundos. Apenas dois segundos... Que importa? Foram dois preciosos segundos que durarão uma eternidade! Foram instantes de contentamento e realização. Era um sonho e, de repente, ali estava eu, num misterioso ritual de felicidade: um abraço.
Mas não foi um abraço qualquer, desses que a gente dá em uma pessoa qualquer, com um sentimento qualquer por ela, num dia qualquer da semana. Foi um abraço ímpar, cheio de uma emoção morna e especial; um abraço curtido durante anos e desejado como uma bênção! Foi tocar em algo que antes parecia utópico, sagrado, e que, por dois segundos sem fim, esteve entre meus braços – e era real! Foi um abraço desses que a gente cobiça a vida inteira e parece que a vida finda sem a gente abraçar, mas eis que, num revés do destino, eu me vi ali, enlaçada a um bem-querer, a um desejo encantado, a um ser que carregava em si uma aura de magia... E foi num dia que eternizarei em mim: o dia em que a utopia se fez tangível!
Ah!, a felicidade! Quão cheirosa é a felicidade! Tem um aroma que minhas mais doces ilusões por anos tentaram supor, mas que, por mais embriagantes fossem essas idéias, elas estavam ainda muito distantes da sensação agradável que aspirei e que minha memória jamais confundirá!
Dois segundos. Apenas dois segundos... Que importa? Era a felicidade. É a felicidade! E toda uma existência se justificava ali, pela felicidade. Por dois segundos que fossem, desde que da mais pura felicidade. Daquele não-sei-quê encantado que um dia desejei, e para o qual me preparei tanto, que o que pareceria aos olhos de muitos – e mesmo aos seus – como uma insignificante e insuficiente gota d’água – apenas dois segundos de abraço e o aspirar daquele cheiro – foi o bastante para ser eterno e saciar a imensa sede que senti por tanto tempo.
Dois segundos. Apenas dois segundos... Que importa? Sou feliz. E a minha felicidade nasceu no meio de uma praça cheia de gente, luzes, um palco, repórteres... Mas nasceu anônima. Como o amor que sempre senti era anônimo, como continuarei sendo eu mesma uma pessoa a mais em meio à multidão que lhe ouvia pouco depois daquele encontro – e isso me basta, pode crer! Nasceu a minha felicidade, depois de tantos anos de gestação, tanta expectativa. Nasceu, depois de tantas vezes em que a considerei abortada, em que esqueci mesmo que nome lhe daria... Num parto sem dores, urgente, nasceu, enfim! Muda. Não havia verbo, embora tantos ensaios sobre o que lhe diria. Faltaram as palavras, sumiram todas... eram supérfluas ali.
Que importavam as palavras? Que importava a brevidade do instante? Que importava dar um nome a esse contentamento? Que importância tinham aquelas luzes, aquela multidão, se ali, naquela praça, no anonimato da multiplicidade dos olhares, eu era a pessoa mais feliz do mundo?
Nada mais importava. Nada mais importa.
Foram dois segundos? Puxa... nem vi o tempo passar! Pensei que tinha estado horas respirando aquele seu cheiro, tocando os fios da sua barba, sentindo sua presença viva e real entre as minhas mãos... Minhas pernas nem respondiam mais!
Creio não imagina quanto esperei por aqueles dois segundos de vida.
Era um sonho e, de repente, ali estava eu, num misterioso ritual, guardando em mim um momento novo, como prova de que nada há que se possa chamar de impossível.
Eu toquei as asas de um anjo. Eu toquei as asas de um anjo!
Obrigada. Nunca o esquecerei. Peço ao Pai por suas realizações, como ele lhe fez instrumento da minha.
Todo sentimento.
Emmy Matias
Carta escrita logo após o show em Maceió, em agradecimento pela realização de um antigo sonho. Nunca vou esquecer aquele dia, porque esperei muito por ele!