Digo que você não está mais aqui,
Que você não há,
Que nem há outras flores...
Mas aí você aparece no meio da noite
E aconchega-se no meu sonho,
Me deslumbrando, me desnorteando.
E acordo em suores,
Mergulhada num insuportável vazio.
Quero a paz do antes de haver você
Ou o turbilhão de haver-me em sua carne.
Mas não quero as reticentes esperas
Que não findam quando finda o dia,
Quando finda a semana, o mês,
O ano...
O pior da sua ausência
– O que me faz querer desistir de tudo,
Até do próprio amor,
É o inconsistente futuro
Que se desenha para mim,
Para nós.
O que me tortura
Não é a sua ausência em si mesma
Ou a saudade, nem o vazio como vazio:
É a desesperança de que algum dia
Desapareça essa lacuna que há agora,
Onde, decididamente,
Só poderia haver seu corpo.
EmmyLibra
Sep 6, 2012 - 2:14 p.m.