Saturday, November 12, 2011

Poema Torpe


Quis fazer um poema
Torpe
Para descrever-te com palavras obscenas.
Mas a santidade de tuas formas me faz repudiar 
As palavras vulgares que descreveriam um ser mortal qualquer.

Há nobreza nos teus olhos, há paz no teu cheiro.
Mas há também tormentas mil sobre a tua tez. 

Almas se perdem
Para depois consumirem-se por remorsos tantos
Quantos são teus méritos e grandezas,
Só por tentarem dar-te um nome terreno.

Não tens um nome!
Não se pode chamar por palavras
A inefável forma do teu corpo,
Nem a profundidade dos teus verbos,
Menos ainda o sentimento arrebatador que por eles nasce
E que faz uma alma desolada cobiçar a eternidade – ao ver-te.

Não há batismo que substantive plenamente
O que, de tão pleno, não tem princípio nem fim.
– Como, pois, escrever um poema torpe
Para falar do que é sublime?

Revelo-me torpe inteira!

Só de escrever poemas endereçados a ti,
Já te feri a pureza, maculei tua imagem
E desmereci tua existência na minha.

Irrefletidas palavras!
(acabo de renunciar ao Paraíso, eis o poema!)

Palavra nenhuma tem singularidade que baste
Para elevar-me aos tronos do Céu,
Onde descansa tua essência.

Por mais que eu escolha verbos, frases, sentimentos,
Ainda assim, o meu poema é torpe demais
Para que se faça oferta
Neste altar que erijo para ti.

EmmyLibra
Nov 11, 2011 - 2:15 p.m.

Friday, November 11, 2011

Inalcançável




Essa tua beleza estranha,
Indescritível,
Arrebata meus olhos,
Meu espírito, minha boca,
Me faz querer ter ou ser
Algo que me fizesse merecer-te,
Alcançar-te.

Por mais que eu estenda a mão,
Jamais poderei sentir
Qualquer coisa de mornidão
Ou de maciez,
Qualquer pelugem,
Qualquer humanidade...

–As pedras preciosas
São sempre tão frias, tão sólidas...

Assusta-me sentir paixão
Por um cristal, um diamante.
Mas, como sonhar-te
Ou ver-te,
Sem que minh'alma ajoelhe-se
Para contemplar-te?

Então, vivo de contemplação,
Meditando em tua beleza estranha,
Repousando em tua condição inumana,
Surreal.

E desejando, um dia, talvez o abraço da morte,
A alma que este corpo habita poderá libertar-se
Dos alforjes da razão e dos preconceitos tantos
Para sentir-se, enfim, pura
– Suficientemente pura
Para poder tocar-te.

Emmylibra
Nov 10, 2011 - 4:30 p.m.


Thursday, November 10, 2011

Confusão mental

     

Há tantas coisas morando dentro da minha cabeça,
Que está acontecendo uma superpopulação de idéias.
Elas começam a brigar, disputar espaço, buscar notoriedade.
Temo pelo momento em que comecem a ser canibais!
Já pensou?  Idéias engolindo idéias... Que loucura!

Eu vivo assim, no tumulto de tantas vozes gritando,
De tantos desejos, da ansiedade de viver
Não desse viver mais com que tantos sonham,
Mas de viver muito mais coisas ao mesmo tempo.
(Estar nos dois lados, ser múltipla!)

Se isso é insano? Eu nunca vou saber.
– Os loucos não sabem que são loucos, afinal.
Eles apenas sabem que são livres.

Sejam minhas idéias portas para a liberdade, então!
Mesmo que essa liberdade se confunda com insanidade
Diante das convenções nascidas
Das concretas ciências dos homens.
(Das concretas idéias dos homens!)

Abram-se portas! Derrubem-se muralhas!
Eu quero estar onde nunca estive antes:
Nos dois lados do existir.

Talvez, múltipla que eu venha a ser,
Possa dar conta de tantos pensares diferentes.
Processá-los, digeri-los, compreendê-los.
Compreender-me – quem sabe?
Compreender-me.
Para que minhas idéias não se tornem famintas
De espaço e de serem ouvidas.
Que não devorem-se umas às outras.

Entre a loucura e o vazio
Eu prefiro a loucura, com suas inúmeras possibilidades.
Antes a insanidade fértil
Do que a esterilidade doentia e submissa
De viver um padrão, 
Enquanto a vida tem tantas paredes a serem demolidas
E tantos outros ondes e quandos a serem visitados,
Com suas possíveis vivências, seus possíveis aprenderes,
Seus muitos amores,
Seus horizontes sem fim...

Quero estar nos dois lados.  Quero estar em muitos lados!
(Viajar no espaçotempo, cujas fronteiras a vista não alcança.)

Quero estar nos dois lados.  Quero estar em todos os lados!

Por enquanto, as idéias gritam.  É tudo o que sei.
Elas discutem sobre muitas coisas e me transformam por dentro.
Enquanto não começam a devorar-se,
Eu vivo – entre a confusão e o desejo
De ser.  – E de ser múltipla!
De estar onde talvez nunca tenha estado antes.
De visitar a loucura, às vezes
E colher flores em seus jardins.
– Na vastidão imensurável (e amorosa) dos seus jardins.

EmmyLibra
Nov 10, 2011 - 1:04 p.m.