Monday, October 10, 2016

Esquerda?? Sei...

Assisto como uma grande comédia o pessoal que se diz "esquerda" agindo. 
Os discursos do social, do coletivo, de direitos humanos, que sempre estão na ponta da língua, com frases feitas e discursos inflamados, são guardados na gaveta quando mexem no queijo desses militantes!
Hoje, discutíamos em sala de aula, o fato de que a esmagadora maioria dos alunos ficou abaixo da média numa avaliação de determinada disciplina.
Proposta inicial da professora: regra de 3 sobre os valores das provas e notas obtidas, reduzindo o peso de 30 pontos para 20 para todos os alunos, quer tenham ficado bem ou mal. Então, o trabalho avaliativo seguinte, que vale 10 pontos, passaria a valer 20.  Em outras palavras, quem foi mal se beneficiaria por ter a chance de estudar mais e recuperar a média, se fizesse uma boa prova. Os que foram bem, no entanto, estariam abrindo mão do "confortável estado de conquista e dever cumprido", colocando-se no mesmo risco dos demais, para batalhar novamente por uma boa nota no trabalho.
Traduzindo: quem hoje já garantiu parte do seu futuro na disciplina recuaria um passo na sua segurança em nome do coletivo.
Resultado: (obviamente??) proposta recusada. 
Quem, em sã consciência e juízo perfeito, quereria abrir mão do pássaro gordo que já está na mão, por um passarinho que pode até ser magricela, e que ainda está voando??
– Mas isso é em nome da coletividade! – argumentaria em vão a professora.
Qual o quê! As respostas foram várias, mas uma delas foi algo do tipo: "Eu ralei muito, estudei, MERECI a nota boa que tirei.  Vou abrir mão desse esforço todo e ter que ralar tudo de novo pra garantir boa nota, beneficiando quem não estudou?? Sei que tem gente que teve dificuldade, e mesmo estudando muito foi mal, mas sei que teve quem nem sequer leu os textos, então não acho isso justo!"
Pois é... Aquele coração vermelho, de esquerda, que "bate pelo social" e que reverbera seu bater nas falas perfeitamente construídas (por quem??) sobre as teorias comunistas, socialistas, "comunitaristas", solidárias, humanas até a raiz dos cabelos mais íntimos, nessa hora vira um coração retumbantemente capitalista, meritório, individualista – e aqui, por favor,  não se entenda que as falas sejam abandonadas junto com o pensamento vermelho, porque, nessas horas, o discurso só muda o sujeito coletivo da defesa, virando algo do tipo: "Ajudar quem só teve dificuldade até seria legal, mas beneficiar quem não se mobilizou, ferrando tooooooooooooooodos que, COMO EU, estudaram muuuuuuuuuito e se saíram bem, não dá!"
Ou seja, agora temos uma nova coletividade, não tão coletiva assim.
Temos dois grupos, sendo uma "elite das notas" com excelentes resultados, unida em defesa dos seus MÉRITOS, contra – contra, mesmo!! – uma comunidade pobre, suburbana, falida, quebrada, faminta (e quase criminosa, por haver entre eles os negligentes!), mas que não são "fruto do social", como essas pessoas costumam defender em seus discursos politicamente corretos do esquerdismo que apregoam na sala de aula, corredores, redes sociais e manifestos bate-panelas da vida sobre os pobres desvalidos do mundo lá fora (incluindo os criminosos, que há entre esses excluídos). 
O grupo que não está na elite das notas, é visto  – salvo exceções que não geram argumento suficientemente convincente para demover o outro grupo da questão meritória que agora abraçam – como "esse povo que não se esforçou o suficiente para conquistar boas notas" e que agora precisa "se virar pra sair do atoleiro", porque eles, a elite, que está por cima da carne seca, não abrirá mão das suas conquistas tão arduamente alcançadas – o que aqui, sinceramente, não acho que esteja errado, pra ser sincera.
Eu, assistindo a tudo, com um desejo quase incontrolável de gargalhar, não resisto à perigosa tentação de dizer: "É por isso que eu adoro o capitalismo!  Não saberia viver noutro regime, que não esse!"
Prefiro ser uma capitalista honesta, sincera, do que um pseudo-esquerdista hipócrita que xinga os outros de "coxinhas" nos manifestos vermelhos, mas, na hora que alguém mexe no seu queijo, vocifera por suas meritórias aquisições!
Sim, gosto de viver no capitalismo! Quando eu me ferrar, estejam certos, vou me ferrar sozinha. O que posso compartilhar de bom, fazê-lo-ei.  O que me ferra eu seguro as pontas sem levar os outros junto comigo. Mérito na veia! Nunca tive grandes coisas na vida, sempre trabalhei muito, mas nunca me coloquei em posição vitimista, nunca disse que era escrava de ninguém, nunca me permiti viver mendigando a piedade alheia, nem cuspindo no prato em que como – porque como com o suor do meu trabalho.  
Por que reclamaria do capitalismo?
Ah! Quanto à minha nota, eu estava naquele grupo de pobres de desempenho. Não tão miserável assim, mas um pouco abaixo da média, afinal. 
Entretanto, se me perguntassem se eu achava que a regra de 3, que baixaria o peso da avaliação de 30 para 20 pontos, deveria ser aplicada para me salvar, eu responderia que não. Preferiria me virar depois pra tentar reverter meu B.O. pessoal, do que afundar os que estão bem. 
Acho que não seria justo que, no meu afogamento (justíssimo, porque estou entre os negligentes!), eu levasse para o fundo do mar aqueles que já estavam seguros em suas canoas.  
Por isso, lembrem-se: sou capitalista!
No entanto, se eu estivesse na elite das notas, e mesmo sendo declaradamente capitalista, gostando da ideia do mérito, da conquista suada, eu até que abriria mão da minha média confortável já alcançada, sim, em nome do coletivo. Porque – apesar do meu capitalismo declarado – veria as coisas de um modo um pouco diferente: ao contrário do argumento que usaram dos negligentes, e que me chamou muito a atenção porque muitos dos que utilizaram-no ou endossaram-no costumam declarar-se esquerdas na veia, vejo claramente que, apesar de alguns alunos não terem se esforçado tanto quanto deveriam ou poderiam, a grande maioria dos que tiraram notas baixas estudaram muito. Eu vi isso. E eles tiveram dificuldades naturais, por motivos diversos, não porque tivessem sido negligentes! Penso, seguramente, que estes justificariam os outros. Abriria mão do conforto e da segurança, sim, em nome do coletivo, porque sei quantos se esforçaram e não conseguiram alcançar a meta. 
Mas, não esqueçam: sou capitalista!

EmmyLibra
Oct 7, 2016 - 12:29 p.m.

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