Wednesday, December 11, 2019

Desejo de nunca

Vontade de dormir 
Nem sempre é sono.
Quase nunca é sono!

O desejo de não ser
De não estar, de se esquecer
É mais do que cansaço,
É cansaço de viver.

É um não-querer de si,
É assim um anti-desejo.
Mas é quase mesmo um desejo,
Um quase-desejo de partir.

Porque é de um partir sem chegada,
Quase querer partir para o nada,
Esvaziado de sentido.
Um ir-se sem direção...

Uma vontade de dormir
Que não é sono
Que não precisa do leito
Morno, 
Nem de cobertas
Mornas,
Nem de nada
Morno.

Só um fechar de olhos,
Um adormecer-torpor,
Um desmaio, um vácuo,
Uma vírgula na alma aflita.

Ficar suspensa a alma!

Fora do chão, do mundo,
Fora do corpo.

Longe das coisas 
Cuja solução é inalcançável
Às mãos, aos braços,
Às palavras...
Por mais longos e fortes
Que sejam.

Como se o distanciar-se,
O mergulhar na escuridão vazia,
Apagasse-as do plano real,
Material,
Silenciasse o choro,
Deletasse a lágrima,
Esquecesse o erro,
As mentiras, 
As incoerências humanas,
As maldades humanas,
As indiferenças humanas,
As deslealdades humanas,
As desumanidades...

Desejo de dormir
Nem sempre é sono.
Quase nunca é sono!
Quase nunca...

É desejo de nunca.

=( EmmyLibra
Dez 11, 2019 - 11:02 a.m.