Sunday, February 10, 2013

Tijolinhos e argamassinha



"Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores." (Mateus 21:12-13)


É disso que eu falo, quando critico a venda de tijolinhos, amuletos, óleos, sal de cozinha, água benta, terços, castiçais de 7 pontas, travesseirinhos milagrosos... E também quando as pessoas, em massa, são "docemente" persuadidas a doar tudo o que têm às igrejas (leia-se "aos líderes religiosos"). 
Os palácios que se erguem nas cidades estão longe de serem casas de orações. Nas últimas vezes em que fui a esses lugares (fui a diversos deles, na esperança de encontrar ao menos um em que ainda valesse a pena frequentar), passa-se 45% do tempo falando do diabo, 50% do tempo pedindo dinheiro ou vendendo coisas, 5% do tempo cantando e  falando de Deus (diga-se de passagem, falando abobrinhas a respeito de Deus!)... Sem contar os bazares que são feitos na porta, as lanchonetes que funcionam DENTRO dos templos, os consórcios e outros bens que são vendidos o tempo inteiro pelos "obreiros", para ajuntar mais e mais riquezas para que palácios cada vez maiores sejam erguidos... Para Deus?  Não! Infelizmente, não para Deus, mas para ostentação e marketing.
Tenho me perguntado: "O que será que Jesus pensa disso tudo? Será que ele não faria o mesmo que fez com os negociantes do templo, narrado em Mateus 21:12-13?"... E isso me preocupa muito.  Porque o grande objetivo desses líderes não é – definitivamente não é – a alma de ninguém, mas o seu bolso, sua carteira, o que eles podem espremer das pessoas.  Se a preocupação fosse a alma de alguém, eles estariam menos envolvidos em pedofilia, escândalos políticos e financeiros, e passariam todo o tempo falando das boas obras de Jesus e das suas promessas de Vida, ao invés de ficarem tentando incutir medos nas pessoas ou vender para elas tanta porcaria! Falariam mais em prosperidade ESPIRITUAL e jamais enalteceriam a prosperidade material como sendo um requisito para se reconhecer alguém "abençoado". Eles estariam dizendo pra seus seguidores que a PRÁTICA DO BEM é o único caminho para quem quer seguir o Evangelho  de Jesus e encontrar a Deus, porque "a fé sem obras é morta". 
Se alguém me diz, por exemplo, que lavar as mãos antes das refeições me protege de doenças, e eu simplesmente CREIO/ACREDITO/CONFIO na pessoa que me disse, isso não resolve nada, nem me protege de contaminações, a menos que eu FAÇA o que ela está me dizendo. Se eu não LAVAR AS MÃOS, estarei contaminada, não importa quanto eu acredite ou confie nessa pessoa! 
Então, só CRER é INÚTIL, se não PRATICARMOS o que Jesus nos ensinou e nos exemplificou durante sua estada entre nós. 
E me decepciona ver pessoas inteligentes caindo nessas conversas, achando que Deus está aceitando dinheiro ou cartão de crédito em troca de construir a felicidade de qualquer pessoa.  =(  
Fui questionada que as pessoas não são OBRIGADAS a pagar. Sei que ninguém é obrigado a nada. Realmente não é.  Mas, sinceramente, antes fosse!! Porque é justamente aí que mora o problema:  quando as pessoas são obrigadas a entregar o que é seu, elas percebem o assalto e se defendem; mas quando as coisas são colocadas por meio de persuasão, com palavras doces, com meiguice e com argumentos sentimentalistas (a isso tudo dá-se o nome de PNL - Programação NeuroLinguística), elas entregam de bom grado, como se não estivessem sendo forçadas, então não percebem quanto estão sendo manipuladas. 
Isso é crime!  Manipular pessoas é crime!  É hediondo, é sórdido, é perverso, é abominável!!
A mídia faz isso todos os dias com muita gente.  Os políticos fazem isso o tempo todo, também.  Por que somos tão críticos em relação à mídia e aos políticos, mas somos tão condescendentes com os líderes religiosos sem escrúpulos?  Por que achamos que eles estão certos e são inquestionáveis, só porque USAM O NOME DE DEUS??
Precisamos acordar!  Precisamos começar a questionar as coisas que engolimos, não emprenharmos pelos ouvidos, cegos, entorpecidos, embriagados pelos discursos lindos... 
Foram discursos lindos os de Hitler também, lembram?  Mas, por que hoje eles são vistos como perversos, se na época eram tão convincentes, tão emocionantes, tão envolventes? Eram verdadeiras obras de arte! Ele era um artista! Tinha mágicas palavras, que arrebanhavam multidões! As pessoas, a princípio, não eram obrigadas a nada, não eram forçadas a segui-lo e a venerá-lo. Faziam-no porque ele as convencia de que o que dizia era razoável, lindo, e as remetia a patriotismo, não a crueldades. E elas os seguiam, como cordeirinhos seguem a voz do seu pastor...
Hoje sabemos que era perverso em suas ações,  em suas intenções. 
Pode parecer grotesca a comparação, mas o que eu quero dizer é que se um belo discurso pode levar as pessoas a crimes, quanto mais a entregarem seus bens!  Imagina que um homem só conseguiu levar milhares de pessoas a cometerem atrocidades, o que  um bando de pastores não é capaz de fazer, para convencer as pessoas a entregarem passivamente seus bens, certas de que assim estão conquistando um pedacinho do céu?
Os padres, antigamente, vendiam "lotes" no paraíso, bênçãos, unções; hoje ainda vendem os sacramentos da Igreja Católica. Foram severamente criticados no passado por Lutero e outros religiosos, por essas e outras práticas do catolicismo, até que houve a separação da igreja, criando-se o protestantismo. 
Até os dias de hoje, pastores criticam os padres por essas e outras coisas.  
Mas, o que fazem para terem moral suficiente para essas críticas, como tinham os primeiros protestantes?  
Eu respondo:  Fazem EXATAMENTE O MESMO!  Vendem tudo!  Inclusive felicidade.  É pra isso, aliás, que o pastor está vendendo tijolinhos e já avisou que depois vai vender "argamassinha, para assentar os tijolinhos"!  
Gente, isso é absurdo demais!
Lutero deve estar revirando no túmulo, diante do que fizeram da sua Igreja... 
=(
Mas, quer saber?  Chega de falar disso... Já rendeu demais!

EmmyLibra
Feb 10, 2013 - 9:20p.m.


Monday, February 04, 2013

Repulsa


Até a presente data, não conheci ateus com caráter duvidoso. Não estou dizendo que não há.  Deve haver, talvez muitos, mas o que estou dizendo é que EU não conheci nenhum.
Mas religiosos safados, hipócritas, sem-vergonhas, desonestos, preconceituosos, maus mesmo... esses eu conheço aos montes! Logo eles, que posam de "salvos pelo sangue do cordeiro bla bla bla bla bla bla bla..." (Se sangue do cordeiro soubesse disso... sei não! Deus tenha misericórdia de todos nós!!!)
E cada dia estou tomando mais REPULSA disso tudo! Cada dia me sinto menos e menos e menos atraída por qualquer manifesto religioso, por qualquer crença, qualquer divisão. Prefiro não ter credo, e crer em Deus à minha maneira, do que me enveredar por certos movimentos religiosos, que são criadores de fronteiras entre as pessoas, verdadeiras fábricas de fanáticos e de loucos.
Religião deveria "religar o homem a Deus", no entanto só serve para separar os homens uns dos outros... Fico me perguntando o que Deus acha disso tudo...

:(

Uma confissão: Tenho muito mais medo de um fanático religioso do que de um batalhão de céticos!

Se minha opinião desagrada, sinto muito.. É isso que eu penso. Prefiro dizer a verdade, a fazer o papel da pia, boazinha, santa... Esse papel não combina comigo!
E, já que não me converti a nada (nem pretendo!), nem estou "salva" pelo sangue de ninguém, então devo cuidar de não mentir, não ser falsa, nem hipócrita... Senão, estarei seriamente encrencada com as contas que terei que prestar a Deus do que fiz da minha vida!
Ele, certamente, me perguntará quanto respeitei ou desrespeitei as pessoas à minha volta, se fui honesta ou desonesta, se feri, se menti, se falseei, se manipulei, se subjuguei ou escravizei, se usei as pessoas, se tiranizei os animais, se criei artefatos de destruição, se usei meus "dons" para o mal...
Essas são as únicas certezas que habitam meu coração!

):

P.S.: Pode me criticar à vontade, se quiser, pode descer a lenha! Mas recomendo que não tente me converter a nada, pq estará perdendo seu precioso tempo!

EmmyLibra
Feb 4, 2013 - 3:15 p.m.


Friday, February 01, 2013

Pessoas inteligentes são mais sociáveis?


Segundo publicação da revista Galileu*,
"Quanto maior o QI, maior a capacidade de socializar com as pessoas e de entender os próprios sentimentos. A capacidade de lidar bem com suas próprias emoções e as emoções dos outros está vinculada ao grau de inteligência da pessoa. Pessoas inteligentes tendem a ser mais sociáveis – ou menos suscetíveis à sucumbir diante das 'trincheiras cotidianas da vida adulta'”. 




Discordo.
Dizer que todos os pernambucanos são brasileiros não é o mesmo que dizer que todos os brasileiros são pernambucanos!
Pessoas que se relacionam bem têm realmente inteligência emocional mais bem estruturada, mas isso não quer dizer, necessariamente, que pessoas inteligentes são bem relacionadas. 
Conheço (Pessoalmente, mesmo! Não é de ouvi dizer!) pessoas que têm Q.I. bem acima da média geral do seu meio e JUSTAMENTE POR ISSO têm dificuldades de se relacionar, porque aqueles que estão na média, vendo-se diante delas, sentem-se inibidos, diminuídos, frustrados, incapazes, INVEJOSOS... E acabam por excluí-las de suas "rodas" de amizade.  
Grandes recursos de inteligência se desperdiçam hoje, em toda parte, porque, para adequarem-se e manterem laços sociais, algumas pessoas com maior capacidade de raciocínio acabam por "nivelar-se por baixo". A necessidade de relacionar-se acaba prevalecendo às suas aptidões e elas erram propositalmente, participam menos das atividades intelectuais e expõem menos a própria capacidade, para não se sobressaírem aos demais e não se sentirem assim, excluídas.

EmmyLibra
Feb 1st, 2013 - 10:50a.m.


*(http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/1,,EMI329825-17770,00.html) 
O post nasceu de um comentário feito sobre a publicação da revista Galileu, a cujo link tive acesso através da sua página de Facebook.
"Nivelar-se por baixo"  é referência feita a uma fala da professora Agnes Casali, do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG, em conversa informal que tivemos sobre o assunto. Obrigada, Agnes, por suas observações sempre tão coerentes!