Monday, November 25, 2013

Basta!


Estou farta da vida comedida, dos limites, portas, regras.  Me falta a aventura, o sal das incertezas, o nonsense e o abstrato.  
Faltam as montanhas, os desertos, os mares profundos — Falta profundeza!
Faltam cores escuras se misturando com as claras.  Faltam os carmins cheios das mágicas e arrebatadoras paixões que nos fazem cometer loucuras.  Falta o desejo de um beijo que me roube o fôlego e em cuja saliva eu me queira afogar.
Estou cansada da rotina segura e previsível, de tudo o que é morno e calmo, do tédio, da estabilidade irritante e da estagnação mortal.
Quero vida correndo em minhas veias, ao invés de sangue!  
Quero o descomprometimento da loucura e a força natural dos bichos.  Quero o poder criador e destruidor da natureza em meu ventre, para morrer na exaustão de cada dia e renascer ao canto mágico dos pássaros.
Quero a sofreguidão; o açoite do vento no meu corpo nu.
Quero o imoral habitando meu seio e o despudor de um beijo roubado habitando meu sonho.
Tenho saudades de um tempo em que eu gostava de voltar pra casa... Mas é como ter saudades do que nunca tive.
Preciso afrouxar os nós, descalçar os sapatos, me lançar num abismo.  Preciso arrancar minhas raízes e abrir as asas de minh’alma para voar sobre minhas angústias — Quero ter alma de pássaro!
Prefiro um milhão de culpas doces que justifiquem minha viagem ao inferno!  Porque é vergonhoso ser condenado por cometer pequenos erros e pagar o alto preço do remorso por uma vida não vivida.
Se na urgência de existir que sinto agora eu não encontrar meu coração, que se perdeu em nuvens de tempestade, sei que morrerei — não de tristeza, que ainda seria doce! —, mas, pura e simplesmente por falta de vontade de viver.

EmmyLibra
April 26, 2008 - ‏‎10:26pm