Sunday, April 24, 2011

Quintais




Sonhos plantados em quintais,
Flores cujas pétalas o verão secou,
O outono levou
E o inverno fez esquecer

Tardes de calor que eram tão nossas
E, nas brincadeiras, um misto de amor
Mãos entre as mãos
E olhos no horizonte

Éramos donos de um castelo
Que eu construí para te fazer reinar
Na imaginação
Caminhando sobre nuvens de açúcar

Beijos não cabiam na infância
E o amor que era sonho entre as flores
Ficou para trás
Perdido nos quintais

Quero de volta a infância
De inocência, ilusão e desejos
Quero de volta os meus jardins
Quintais, verões e colibris

Quero aqueles banhos de chuva
E as promessas de viver para sempre ali
Ao lado teu
Mesmo caminhando sobre nuvens de açúcar

 EmmyLibra
Data incerta

Wednesday, April 20, 2011

Eu TAMBÉM acuso!

"EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento"...
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia".  
(Igor Pantuzza Wildmann, advogado, doutor em Direito e professor universitário)


Aplaudo a posição do Dr. Igor Pantuzza Wildmann.  Sou da mesma opinião que nossas escolas e universidades pecam pelo excesso de liberdade aos alunos. Aliás, liberdade não pode ser confundida com licenciosidade. A verdadeira autonomia se constrói com provas diárias de respeito às leis, ao próximo, a si mesmo. Atualmente, não podemos esperar do futuro senão uma grande tragédia, por conta do excesso de direitos que são concedidos sob a negligente desculpa de que a disciplina "traumatiza", de que quem erra é APENAS vítima.  Não digo que não é. Muitas vezes até é, mas jamais da disciplina ou das regras, mas da omissão das pessoas em praticá-las.   Há diferença entre um homicida que sofreu abuso sexual ou bullying na infância, e uma “Suzana” que tinha pais psiquiatras, teoricamente capacitados para perceber e avaliar comportamentos psicóticos ou psicopatas em seus pacientes, mas que foram incapazes de perceber nos filhos – mesmo convivendo sob o mesmo teto que eles e sendo seus formadores – que estavam produzindo seus próprios assassinos.  Uma pergunta para refletir:  será que foi excesso de palmadas que tornou esses jovens marginais?  Ou talvez a “psicologia” falhou?
Precisamos resgatar velhos e saudáveis costumes, devolver aos pais e professores a autoridade (não digo autoritarismo, que também é bem diferente); aprender a diferençar severidade de violência, reconstruir valores ético-morais que há muito vêm sendo banalizados e excluídos do nosso rol de prioridades na formação dos nossos jovens.
Sou de um tempo em que levávamos palmadas e éramos impelidos a estudar e também a executar pequenas tarefas cotidianas, para desenvolver nosso senso de responsabilidade e cooperação na família, na escola, na vida.  Crescíamos integrados e preparados para assumir responsabilidades, não temíamos olhar as pessoas nos olhos, apertar mãos com segurança e firmeza.  E éramos felizes.  E não morríamos nem ficávamos “traumatizados” por isso!
Hoje, vem um juiz da Vara da Infância me dizer que dar uma palmada no meu filho é crime e que posso perder a guarda dele.  E eu pergunto: – Para quem?  Para o Estado, que não tem capacidade para “educar” nem seus políticos, que ganham para desempenhar tarefas de liderança, mas vivem envolvendo-se em tramóias e corrupção de toda natureza?  Para o Estado, que não tem como educar os menores infratores que JÁ HÁ em nossa sociedade, aos milhares?  Para o Estado, que não tem capacidade de abrigar os milhões de penitenciários, nem de ressociabilizá-los, como promete nossa legislação?  Para o Estado, que é incapaz de criar leis que garantam aos pais o direito de disciplinar seus filhos, relegando esses jovens a um incerto futuro?  Para o Estado, que proíbe os familiares de internar seus adolescentes toxicômanos contra a vontade deles, e que deixa-os “escolherem e decidirem” o que é melhor para eles, quando estão à mercê das drogas, que, impiedosamente lhes tiram as escolhas e decisões, por serem impositivos químicos que anulam sua vontade?
Engraçado o Estado falar de liberdade e de violência, considerando a disciplina dos pais um ato de terrorismo, mas deixando às drogas e seus distribuidores as portas abertas para influenciarem e direcionarem nossas crianças!  Isso, então, não é violência?  Não deve ser combatido? Não devemos, pois, armarmo-nos de todos os recursos possíveis para não entregarmos nossos filhos nas mãos dos traficantes e de suas químicas venenosas?
A raça humana evoluiu em certos aspectos, mas ainda carece de velhos métodos para manter-se firme nos seus propósitos de crescimento.  O Direito nos concede e nos impõe condições para escolhas que outrora não tínhamos, mas ainda somos despreparados para usar esses recursos.  Ainda não temos evolução moral suficiente para compreender onde termina nossa condição de vítima e onde começa a de algoz.  Grande parte das pessoas diz conhecer as leis e tenta manipulá-las de modo a lhes favorecerem e lhes darem lucros e segurança, mas esquecem-se de que para cada direito corresponde um dever igual.  Se espero ser compensada por perdas materiais ou morais, pergunto-me antes:  qual contribuição material e moral estou dando à minha comunidade, às pessoas com as quais me relaciono?  Seria, mesmo, buscar direitos, ou abusar deles, gerando exagerados lucros sobre o outro, que em muitas situações nem é exatamente culpado pelos nossos tropeços, mas apenas participante passivo nas nossas aquisições e decisões?
Ainda estamos despreparados para a liberdade.  Ela é, em realidade,  para aqueles que têm consciência e que não pretendem, através dela, alcançar vultuosas vantagens, em detrimento dos direitos alheios.
Violência é espancar, subtrair, tiranizar, escravizar, cercear, encarcerar.  Não é exatamente isso que fazem os criminosos?
Pais e educadores precisam voltar a ser reguladores, disciplinadores, cobrar ordem e moral dos seus jovens.  Precisam reaver o direito de impor-se quando necessário, para melhor conduzir a infância e juventude a portos seguros. Precisam reaver o direito de dizer o que é certo ou errado; dar responsabilidades e ocupações para que os jovens profissionalizem-se e não se tornem dependentes e nulos no futuro; punir seus erros e premiar seus acertos, como se fazia antigamente, e que nos dava a dimensão real da vida – que nos oferta sempre a colheita inexorável do que plantamos.
Há uma enorme distância entre a palmada e o espancamento, entre disciplinar e cercear, entre ensinar e impor, entre dar obrigações e escravizar, entre proteger e encarcerar, entre ser austero e ser tirano, entre ser pai e ser criminoso.
Porém, talvez por descuido ou por vaidade – não sei –, temos visto tentativas inúteis de manter a aparência de civilidade e modernismo, que só tem servido para fabricar delinqüentes.  Vemos o crescimento dos índices de violência, mas não do alto para a base da pirâmide organizacional, como sugerem alguns defensores da excessiva liberdade.  Ao contrário, vemos filhos matando pais, alunos ameaçando e agredindo professores, traficantes ditando horário de abertura e fechamento de lojas, adolescentes depredando patrimônio público.  Vemos crianças mal saídas das fraldas gritando com os pais em shopping centeres e sendo consideradas “precoces e espontâneas”, quando na verdade são voluntariosas e rebeldes.
É uma total inversão de valores, onde os adultos, que deveriam ser considerados mais capazes de educar e conduzir, viram marionetes nas mãos de inexperientes e incapazes jovens, só para não “cercear sua liberdade de escolha” e para não “parecerem” violentos.
Somos imensamente responsáveis – pela nossa influência nas pessoas que nos cercam – por seus acertos e erros.  Somos co-participantes da história de vida uns dos outros.  Mas, se observamos a incumbência de sermos pais-educadores, temos que admitir que tiramos o direito dos educadores de serem pais em nossa ausência. 
Antigamente uma mãe levava o filho à escola e dizia: “Sua professora é sua mãe, enquanto você estiver na escola, porque ela se responsabiliza por sua segurança e por sua educação!”.  E tínhamos, mesmo, respeito aos mestres como aos pais.  Nada mudou, desde então, considerando-se quanto as crianças respeitam aos mestres em igualdade aos pais.  O que mudou, na verdade, foi que as crianças DEIXARAM DE TER RESPEITO PELOS PAIS, e isso é o que hoje é levado em pé de igualdade aos mestres e demais responsáveis por sua formação.
"Alunos-clientes" realmente virou um doentio modismo em nossa sociedade.  A proliferação das incapacitadas instituições de ensino também é vírus a se alastrar e contaminar as pessoas, pela facilidade em ser admitido nessas instituições e de concluir os cursos que elas oferecem, quase sem precisar fazer esforço.  Facilidade virou palavra-chave nas decisões:  não ter obrigação de freqüentar os cursos superiores, fazer tudo à distância, quando quer e como quer, também forma péssimos profissionais, habilitados apenas para marcar x em questões de múltipla escolha e totalmente despreparados para assumir posturas seguras e competentes diante de problemas reais.
Desvirtuam-se medidores de desempenho, as notas das avaliações viraram conceito secundário dentro das salas de aula.  Criam-se avaliadores gerais e estatísticos como o Enem, por exemplo,  para depois deturpar sua real aplicação. 
A propósito, alguém ainda lembra pra que finalidade o Enem foi desenvolvido? Era pra medir e comparar o desempenho dos jovens que saíam do Ensino Médio nas diversas regiões do país, identificando assim as carências de cada lugar, viabilizando aos governos Federal, estaduais e municipais um direcionamento mais coerente e útil aos recursos destinados à educação, priorizando as regiões e disciplinas onde houvesse maior carência de investimentos.  Mas, o que aconteceu foi uma desvirtuação do fim a que se propunha o projeto, transformando-o em substituto do vestibular e levando os jovens a freqüentarem cursos adicionais para obterem melhores notas, o que lhes abriria as portas para a vida universitária.  Resultado:  adeus, medição de desempenho e adeus direcionamento racional dos recursos públicos! Adeus, investimentos na educação!  Adeus, preparo e reciclagens dos professores onde houvesse carência!  – Porque não se tem mais como saber onde há carência, nem quanto ela mede.
Estamos passando por difíceis momentos em nosso país, por ainda alimentarmos ilusões de que tudo está bem e melhorando, de que existirem progressos reais.  Eles quase não existem.  
Seria o caso de perguntarmos aos ditadores dessas regras absurdas que hoje direcionam nossos atos e nos proíbem ter sobre nossos jovens o pulso firme e disciplinador de outrora, se o objetivo deles não seria, na verdade, criar pessoas menos intelectualizadas e mais incapazes de perceber que estão sendo vítimas de uma cúpula corrupta e mercenária, capaz de furtar-lhe sorrateiramente todas as condições de ter qualidade real de vida.  Seria o caso de interrogar os juízes de infância e adolescência se, ao ver nossos filhos tornando-se marginais, poderemos recorrer a eles e à sua psicologia para salvá-los.
Aplaudo o Dr. Igor.  Aplaudo-o de pé, de público, em minha humilde condição de mãe zelosa.  Desejo ao meu filho seja eu e o pai dele os únicos “tiranos violentos” que ele conheça na vida!  Porque o cuidado que tenho em ensiná-lo caminhos retos e dignos não me deixarão nenhum remorso ou culpa.  O que os nossos parlamentares designam habitualmente de violência e de ditatorialismo dos pais e educadores para com os infantes e adolescentes, eu posso chamar de tentativa de salvar algumas “espécimes humanas” das garras da criminalidade crescente.
Como eu disse anteriormente, sou do tempo em que levávamos palmadas e éramos educados para trabalhar e produzir.  E não éramos traumatizados nem violentados por isso.  Não deixávamos de brincar, de ser crianças quando era de ser, mas principal e decisivamente, não deixávamos de nos TORNAR ADULTOS, quando também era devido. 
Portanto, parabenizo o Dr. Wildmann por sua coerente redação e demonstração de caráter.  Espero ainda possamos resgatar nossos filhos da ignorância, da preguiça e, sobretudo, do excesso de liberdade para o qual eles não estão preparados – nem nós!

EmmyLibra
April 20, 2011  10:46am

Obs.:  veja o texto do Dr. Igor P. Wildmann na íntegra em:  http://www.diogenes.jex.com.br/opiniao/eu+acuso+-+igor+pantuzza+wildmann

Vale a pena conferir!