Wednesday, April 10, 2019

Longevidade: Nunca vivemos tanto... Para tão pouco!


A raça humana nunca teve tamanha longevidade, sobretudo nos países mais desenvolvidos. Nunca vivemos tão extensamente a vida, como nas últimas décadas. E a cada ano que passa, essa expectativa de vida aumenta, a população envelhece, novos recursos da medicina e demais ciências que se ocupam do nosso organismo são criados ou descobertos e melhoram nossa qualidade de vida, aumentam dias aos nossos dias.
Por outro lado, tecnologias “aproximam pessoas”, encurtam distâncias. Os meios de comunicação, cada dia mais ágeis e aperfeiçoados, nos permitem ver, ouvir, ter comunicação direta com gente de quase toda a extensão do planeta Terra. Sabemos do que se passou no outro lado do mundo, em poucos segundos até. Estamos a par das conquistas humanas e dos sofrimentos, aonde quer que eles ocorram, em habilíssimo prazo.
Dietas aumentam a expectativa de vida, meios de comunicação encurtam distâncias.
No entanto, nunca estivemos tão adoecidos mentalmente e tão afastados uns dos outros, como temos estado.
As pessoas martirizam-se comendo coisas insípidas, porque viram na internet ou consultaram algum especialista e souberam que fazem bem para a saúde.  Elas se esquecem que alguns alimentos servem muito bem para a saúde física, mas não necessariamente para a mental.  Digo isto no sentido do desprazer de ingeri-los! A alimentação é mais do que fonte de nutrientes. Ela também é estímulo prazeroso para nossos sentidos. Uma comida saborosa, aromática, “bonita”, nos desperta prazer na alimentação. Comer o que não nos toca o paladar, o olfato e a visão é uma tortura escolhida. E para quê?
As redes sociais nos permitem milhares de amigos cada, no entanto a cada tempo que passa nos sentimos mais solitários, nossas relações são cada dia mais destituídas de compromissos e de afetos. Palavreados lindos e mensagens padronizadas no dia do aniversário – lembrado pela memória infalível da internet e não pela importância real do outro para nós – substituem aquele abraço que outrora atravessaríamos a cidade, se preciso fosse, para dar no amigo.
De que adianta uma vida de cem anos, porém desprazerosa, solitária, infeliz? De que adiantam tantos contatos pela internet e nenhum calor humano entre as pessoas? De que adiantam tantos esforços para parecermos saudáveis e felizes, mas nenhum esforço para realmente o sermos?
Sempre me questiono sobre essas cousas. Não me conformo com a ideia de viver me castrando ou de amar as pessoas virtualmente. Não me conformo com o fato de tantas pessoas serem tão conformadas!
Onde está a alma humana? Em que ponto da nossa evolução esquecemos a importância dos afetos para uma vida feliz? Em que curva do caminho abandonamos o ideal de felicidade? Em que página de internet guardamos nossa capacidade de sentir?
Não sei mesmo se vale a pena viver tanto para tão pouco!
Viver longamente ou viver plenamente – o que vale mais?
Sinceramente, não consigo compreender a superestima de certas pessoas para vidas tão ruins!
Agarram-se a martírios de todos os tipos, abstinências de tudo que significa prazer, vão a templos religiosos para cobrirem-se de culpas e remorsos, adoram um deus tirano e cruel, preferem crer no desamor, desconfiar de tudo e de todos, viver superficialmente. Preferem vida virtual, abraços via internet, beijos à distância pela webcam, proteção contra vírus, bactérias e sentimentos de toda sorte... Para nunca saberem o cheiro que o outro tem.  Para nunca saberem o gosto e o calor de um longo beijo...
Isso para mim passa longe do verbo “viver”!
É um arremedo de vida! Não serve para minha existência!
Prefiro amar o outro ao vivo, em cores, tato, olores, sabores. Prefiro sentir prazer em acordar todos os dias. Não morrerei se em algum momento houver decepções, dores. Mas morrerei um pouco a cada dia, se não houver afeto, desejo e prazer em estar viva, se não houver bons sentimentos no ato de viver.
Prefiro a morte durante um orgasmo do que uma vida longa de desprazeres contínuos e escolhidos!
Eu não nasci para a infelicidade. Não me permito viver se não houver algum sentido bom em estar viva.
E não compreendo, sinceramente não compreendo mesmo, quem suicida aos poucos todos os dias, castrando-se das possíveis felicidades cotidianas.
Mas... São escolhas, não é mesmo? Quem sou eu para julgar escolhas alheias?
Só não me peçam para também fazê-las! Eu prefiro a morte do corpo, rápida, certeira, definitiva, do que a morte lenta e sofrida da alma. Entre o suicídio físico e o mental, eu ainda escolho abrir a artéria pulsante e colher a dor.
Definitivamente, eu não nasci para a infelicidade!

EmmyLibra
Apr 10, 2019 – 12:53 p.m.