Saturday, September 26, 2015

Tua grandeza II

Deixa-me contemplar tua grandeza, um pouco mais.
Deixa-me amar-te uma vez mais, antes que o sol se ponha
E faça-se noite para mim.

Mas, cuida de ser quem és quando estou perto.
Cuida de ser quem és em cada gota da tua essência!
Não me decepciona com gentilezas 
Nem com sutilezas sociais!

Cuida de manter vivas tuas virtudes,
- Aquelas que atraem meus olhares.
Tua força, tua altivez, teu senso de justiça e tua liberdade.
Também teu sorriso, tão raro de se ver...

Acima de tudo, mantém tua aguçada inteligência e perspicácia.
Tua dureza solene, aguda, cortante.
Tua doçura precisa - surpreendentemente compreensiva!

Deixa-me agora guardar, reter em mim
Tuas tantas faces, todas tão lindas...
Tão fascinantes!

Deixa que eu te guarde em mim,
Naquele abraço morno e ingênuo
Que jamais suspeitaria as súbitas despedidas!

Deixa-me ir, enfim, contigo... um pouco que seja.
Porque, ao partir,
Não precisarei olhar para trás para ver-te.
Levo-te comigo, de algum modo estranhamente íntimo,
Como quem, sem conhecer-te, sabe de ti o suficiente
E sem saber-te, conhece-te o bastante em si,
Impregnado em si.
No eco da tua voz em si.

Deixa-me ir.  Está ficando tarde, logo a noite cairá.

Mas, agora, ao por do sol,
Enquanto falsas chamas incendeiam as nuvens
Enrubescendo o horizonte,
Ainda há tempo para contemplar tua grandeza uma vez mais
E amar tuas virtudes, tuas palavras, teus saberes,
Beber lembranças, embriagar-me de possibilidades de vida
- Ao ocaso, que contradição!

Que bom que posso levar-te comigo, deixando-te ainda
Neste longo dia de ser, que se prolongará sobre a Terra
Aos homens santos que se agarram à vida.

Não ficarei em ti nem em qualquer outro homem santo.
Não ficarei, sequer, na memória de mármore!

Levarei de mim a carne, o sangue, a alma, o nome.
Para um lugar tão distante
Que nem tua lembrança ao mencionar que um dia existi
Me alcançará.

Mesmo assim, voltei aqui
Para beber de ti um gole a mais, extraído de minhas memórias.

Paro, contemplo o céu em chamas e lanço-me
No abismo escuro de um adeus solene, 
Feito de abraços mornos, inocentes...

Não podias imaginar que, ao dizer-te “obrigada”,
Não era por nada que fizeste, em específico.
Agradeci por uma existência inteira!

EmmyLibra

Sep 26, 2015 – 4:33 p.m.