Thursday, November 10, 2011

Confusão mental

     

Há tantas coisas morando dentro da minha cabeça,
Que está acontecendo uma superpopulação de idéias.
Elas começam a brigar, disputar espaço, buscar notoriedade.
Temo pelo momento em que comecem a ser canibais!
Já pensou?  Idéias engolindo idéias... Que loucura!

Eu vivo assim, no tumulto de tantas vozes gritando,
De tantos desejos, da ansiedade de viver
Não desse viver mais com que tantos sonham,
Mas de viver muito mais coisas ao mesmo tempo.
(Estar nos dois lados, ser múltipla!)

Se isso é insano? Eu nunca vou saber.
– Os loucos não sabem que são loucos, afinal.
Eles apenas sabem que são livres.

Sejam minhas idéias portas para a liberdade, então!
Mesmo que essa liberdade se confunda com insanidade
Diante das convenções nascidas
Das concretas ciências dos homens.
(Das concretas idéias dos homens!)

Abram-se portas! Derrubem-se muralhas!
Eu quero estar onde nunca estive antes:
Nos dois lados do existir.

Talvez, múltipla que eu venha a ser,
Possa dar conta de tantos pensares diferentes.
Processá-los, digeri-los, compreendê-los.
Compreender-me – quem sabe?
Compreender-me.
Para que minhas idéias não se tornem famintas
De espaço e de serem ouvidas.
Que não devorem-se umas às outras.

Entre a loucura e o vazio
Eu prefiro a loucura, com suas inúmeras possibilidades.
Antes a insanidade fértil
Do que a esterilidade doentia e submissa
De viver um padrão, 
Enquanto a vida tem tantas paredes a serem demolidas
E tantos outros ondes e quandos a serem visitados,
Com suas possíveis vivências, seus possíveis aprenderes,
Seus muitos amores,
Seus horizontes sem fim...

Quero estar nos dois lados.  Quero estar em muitos lados!
(Viajar no espaçotempo, cujas fronteiras a vista não alcança.)

Quero estar nos dois lados.  Quero estar em todos os lados!

Por enquanto, as idéias gritam.  É tudo o que sei.
Elas discutem sobre muitas coisas e me transformam por dentro.
Enquanto não começam a devorar-se,
Eu vivo – entre a confusão e o desejo
De ser.  – E de ser múltipla!
De estar onde talvez nunca tenha estado antes.
De visitar a loucura, às vezes
E colher flores em seus jardins.
– Na vastidão imensurável (e amorosa) dos seus jardins.

EmmyLibra
Nov 10, 2011 - 1:04 p.m.

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