Deus me criou vazia dessa ingenuidade doentia, que é capaz de estacionar uma pessoa por séculos dentro de uma poça d’água de chuva. Fez-me, no entanto, plena de certezas. Certezas que me preencherão pela vida inteira e ainda um tanto mais de tempo, enquanto eu existir na escuridão da morte.
Sinto sofreguidão ao pensar no que ainda não experimentei. Vontades, anseios...
Falta-me a falta de ar dos muitos êxtases que ainda não incendiaram meus poros.
Deus fez-me assim, alma meio indecifrável. Fez-me louca, extrema. Deu-me sabedorias que me fortalecem e também incertezas muitas, para que não me faltem impulsos, não me faltem os sonhos.
Quem sou eu?
Às vezes sou mulher; faço-me homem, quando me convém; visto-me bicho, ora selvagem, ora dócil, ora noturno, soturno, oculto. Talvez eu seja muitas faces; talvez apenas uma, que se traveste e se pinta para iludir. Talvez não seja mesmo nada mais que uma ilusão – até para mim mesma!
Se iludo ou me iludo, pouco importa. Aprendi um amor sublime: aquele em que amo minhas imperfeições tanto quanto minhas poucas virtudes.
Amo-me quando choro, amo-me quando rio, amo-me quando peco.
Minhas muitas faces, mesmo as mais feias, me parecem muito lindas, agora, vistas por este novo ângulo. Mesmo quando peco.
- O pecado também é uma ilusão humana!
EmmyLibra
March 3rd, 2010 – 7:57a.m.
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