Tuesday, March 05, 2013

Felicidade em flor

Sinto agora um lampejo de felicidade, desses a que damos o simplório nome de alegria.
Não que eu não seja feliz.  Eu sou.  E isso é perene.  Não é ao que me refiro agora.
Refiro-me a esses momentos em que a felicidade acontece como um pequeno redemoinho, desgrenhando nossos cabelos e jogando poeira de estrelas sobre os nossos olhos. Todo o resto fica ofuscado, tudo some da nossa visão, porque aquele breve instante basta-se a si. E daí por diante fica em nós, é parte de nós.  Mas não o é, simplesmente, como lembrança de um estar alegre ou como passado contido na exatidão do instante dessa breve alegria.  É mais como sensação que impregna-se à nossa alma do que pura reminiscência, e nos faz rir sem razão aparente, respirar um pouco mais fundo, desejar a vida um pouco mais do que no seu momento prévio.
Ela voltou. Voltou a brotar, renasceu.
Minha flor, com suas perfumadas pétalas, estava ali, quase ao alcance das minhas mãos... 
Por um instante a vi, molhada de orvalho, em meu jardim.  Era minha, outra vez, ao menos num sonho.  E transformava tudo à sua volta, exalando um cheiro que se misturava ao ar, preenchendo os espaços vazios da minha vida.
Estava ali.  Por um breve instante de alegria, por um lampejo de felicidade. Não da felicidade raiz, essa perene, que já é o que sou, fibra de que me componho. Estava contida num instante de uma felicidadezinha de redemoinho, e me despenteou e lançou poeira de estrelas nos meus olhos, para que eu pudesse ver o mundo um pouco mais colorido e luminoso do que no seu instante prévio.
Estrelas em pó sobre meus olhos e pálpebras, cabelos desgrenhados, liberdade e sonho misturando-se em mim, para o meu dia de hoje e para o riso frouxo e sem propósito. Para uma felicidadezinha a mais.
Eu quase pude tocá-la – felicidade em flor.  
Se o tivesse feito, agora também teria perfume em minhas mãos, além de estrelas em pó a iluminar meu dia...


EmmyLibra
March 5, 2013 - 10:00 a.m.

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