Até que um dia, por uma mágica qualquer, ele sonha com uma noite de verão, sem nuvens, sem lua, com o céu coalhado de estrelas. E ele pode ver, nesse sonho, toda a beleza e imensidão do universo, com pedras preciosas cintilando sobre o pano escuro da noite.
Ao acordar, na escuridão da sua cegueira [sem estrelas ao fundo], ele já não é mais o mesmo. E, deste momento em diante, sente saudades do que viu no sonho. Sente saudades do milagre de ver, de sentir.
Assim aconteceu comigo: eu era uma, antes de ver o pano escuro da noite salpicado de luzes coloridas, e me tornei outra, ao despertar do sonho. Sou outra. Incompleta, sôfrega, vazia, nostálgica. Perdida no vazio de uma cegueira em que eu nem sabia que vivia, e que era antes o meu abrigo seguro.
Sinto a escuridão tomar conta do meu olhar, tão distante do milagre de ver as luzes coloridas que antes eu ignorava...
– Para que o milagre de ver, então, numa contemplação tão breve daquele límpido céu de verão, com pedras preciosas derramadas sobre o pano escuro da noite?
Melhor seria continuar sem saber das estrelas...
EmmyLibra
Jun 10, 2013 - 3:30 p.m.
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