À noite, todas as dores ficam mais agudas,
Todas as febres ardem mais quentes
Todas as angústias sufocam mais fundo,
Todas as saudades latejam mais vivas.
Quando a escuridão toma o espaço,
Todos os dissabores da vida intensificam-se,
Multiplicam seus efeitos, incomodam.
É a hora em que os silêncios
Falam mais alto dentro de nós
E nossos gritos surdos fazem-se ecoar em nossa alma,
Acordam nossos temores, nossos sentidos,
Evidenciam nossas lacunas, descobrem nossas feridas.
Sob o breu que se derrama desde o Ângelus,
As lembranças dos adeuses, esses cruéis momentos de dor,
Ressoam em nossos ouvidos,
Como numa repetição constante, insistente.
A noite, refúgio dos amantes que se ocultam em suas brumas,
Escarnece daqueles em cuja solidão
Habitam desejos e memórias de suores e salivas,
De momentos sôfregos de paixão e ousadia.
Ela ri dos sofredores, zomba dos desiludidos!
Mas a escuridão que nenhuma lâmpada consegue aclarar
Não é aquela que a noite encerra,
Mas a que envolve corações e provoca lágrimas
Nesses muitos sofredores e desiludidos
Que, à noite, jazem inconformados e saudosos
Em seus leitos solitários.
EmmyLibra
Jan 15, 2015 – 9:12pm
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